quinta-feira, 19 de março de 2009

Doenças provocadas por água contaminada

Cólera

O que é

Doença intestinal infecciosa causada pela toxina do vibrião colérico.

Como se adquire

Através da ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou vómitos de doentes ou portadores. O reservatório principal é o homem, mas estudos recentes sugerem a existência em frutos do mar. O período de incubação varia de horas até cinco dias.

O que se sente

Inicialmente, surge diarreia aquosa em grande quantidade, com ou sem vómitos, dor abdominal, cãibras; se não tratado prontamente, pode haver piora do quadro com desidratação severa, choque e diminuição da função renal. O leite materno protege as crianças.

Como se faz o diagnóstico

O diagnóstico se faz essencialmente pela história clínica do paciente além de observar se ele é proveniente de áreas em que ocorreram outros casos. O exame de fezes detecta o vibrião e confirma o diagnóstico.

Como se trata

Através de hidratação oral, endovenosa (soro), e antibióticos específicos. Os pacientes mais graves devem ser cuidadosamente acompanhados devido à possibilidade de intensa desidratação, evitando assim outras complicações.

Como se previne

Existem medidas colectivas que previnem a cólera:

·Oferta de água potável em boa quantidade e qualidade
·Destino e tratamento de esgotos
·Destino e colecta adequada do lixo
·Manejo adequado dos cadáveres
·Controle dos portos, aeroportos e rodoviárias

A higiene dos alimentos, a lavagem vigorosa das mãos e outros procedimentos básicos de higiene contribuem para a prevenção.
Nos casos de pacientes hospitalizados, deve haver isolamento dos mesmos com processamento das roupas, fezes e vómitos.

Amebíase

O que é

É uma infecção por parasita ou protozoário que acomete o homem podendo ficar restrita ao intestino, tendo como principal sintoma a diarreia, ou não causando febre e sintomas diferentes dependendo do órgão “invadido”. Mais frequentemente o órgão preferencial a ser comprometido é o fígado. O agente causal é a Entamoeba hystolitica. Este parasita infecta aproximadamente 1% da população mundial, principalmente a população pobre de países em desenvolvimento. Recentemente identificou-se um parasita com a mesma forma da Entamoeba hystolitica que não causa doença (Entamoeba dispar). Isto é importante porque o achado da ameba nas fezes de um indivíduo não necessariamente caracteriza amebíase. A E. dispar não é causadora de doença e a hystolitica pode estar presente no indivíduo e não causar doença. A diferenciação de uma para a outra é feita por exames de laboratório e raramente se mostra relevante.

Como se adquire

Através da ingestão de alimentos ou água contaminada com matéria fecal contaminada com os cistos da Entamoeba. Pode-se adquirir de outras formas, mas são bem menos frequentes e estão restritas praticamente a pessoas com a imunidade comprometida.

O que se sente

Os sintomas das pessoas com amebíase vão desde a diarreia com cólicas e aumento dos sons intestinais até a diarreia mais intensa com perda de sangue nas fezes, febre e emagrecimento. Nestes casos ocorre invasão da parede do intestino grosso com inflamação mais intensa e os médicos chamam de colite. Podem ocorrer ulcerações no revestimento interno do intestino grosso, por esta razão o sangramento. Raramente a infecção causa perfuração do intestino, quando ocorre a manifestação é de doença abdominal grave com dor intensa, rigidez e aumento da sensibilidade da parede além de prostração extrema da pessoa afectada. A doença pode apresentar-se de forma mais branda com diarreia intermitente levando muitos anos até surgir um comprometimento do estado geral.
Não muito comumente o protozoário pode penetrar na circulação e formar abcessos (colecções fechadas no interior de algum órgão ou estrutura do corpo) no fígado que causam dor e febre com calafrios. Estes abcessos podem romper-se para o interior do abdómen ou mesmo do tórax comprometendo as pleuras (camada que reveste os pulmões) ou o pericárdio (camada que reveste o coração). Também raramente podem formar-se tumorações no intestino que se denominam “amebomas”.
As situações de doença extra-intestinal ou invasiva são as que levam aos casos mais extremos que evoluem para a morte do indivíduo infectado.

Como se faz o diagnóstico

O exame de fezes detecta o parasita com alguma facilidade. A forma mais invasiva depende do que os médicos chamam de exames de imagem (tomografia computadorizada, ecografia ou ressonância magnética). Algumas vezes para confirmação diagnóstica, além do exame de imagem os médicos usam agulhas finas para puncionar os abcessos. Nas formas mais invasivas, quando o diagnóstico não for possível por identificação do cisto utiliza-se exames de sangue para a detecção da presença de anticorpos contra o parasita.

Como se trata

A droga mais utilizada pelos médicos é um anti microbiano com nome de metronidazol, mas existem outros com uso recomendado para circunstâncias específicas. O tempo de tratamento pode variar conforme o comprometimento da pessoa. As vezes, quando houver a formação de abcessos hepáticos pode ser necessário aspirá-los com agulha para diagnóstico ou tratamento, muito raramente estes casos irão a cirurgia.

Como se previne

A contaminação fecal dos alimentos e da água é a principal causa de tal infecção. Como na maioria das parasitoses intestinais as medidas de saneamento básico como tratamento da água e esgotos são decisivas na prevenção desta doença.
Os alimentos mais frequentemente contaminados são os vegetais cultivados junto ao solo. A higiene destes alimentos crus deve ser rigorosa com detergentes potentes seguido de imersão em solução de vinagre ou ácido acético por 10 a 15 minutos. A água somente após ser fervida fica totalmente livre destes protozoários.
O tratamento adequado destes pacientes ajuda a eliminar fontes de propagação da doença, principalmente na zona rural onde a água tratada não é sempre disponível.
Os hábitos gerais de higiene como lavar as mãos após o uso do sanitário são medidas de educação que com certeza contribuem na prevenção. A fiscalização dos prestadores de serviços na área de alimentos pela vigilância sanitária é de suma importância.
Recentemente a possibilidade de vacina para um futuro não muito distante mostrou-se viável.

Hepatite A

O que é

É uma inflamação do fígado (hepatite) causada por um vírus chamado Vírus da Hepatite A (HAV). Pelo seu modo de transmissão, esse tipo de hepatite é típico de áreas menos desenvolvidas, com más condições de higiene e falta de saneamento básico. Nesses locais, incluindo a maior parte do Brasil, predomina em crianças pequenas (2 à 6 anos), porém, indivíduos que não tiveram a doença quando crianças, podem adquiri-la em qualquer idade.

Como se adquire

Ocorre pela via chamada fecal-oral, na maioria das vezes com fezes de pacientes contaminando a água de consumo e os alimentos. Pode ocorrer também entre pessoas que utilizam piscinas com água mal tratada e compartilham toalhas e lençóis imperceptivelmente contaminados por fezes, por exemplo.

O que se sente e como se desenvolve

Os sintomas iniciais são variáveis, podendo ocorrer mau estar generalizado, dores no corpo, dor na parte direita superior do abdómen, dor de cabeça, cansaço fácil, falta de apetite e febre.
Após, surgem, tipicamente, a coloração amarelada da mucosa e da pele, a icterícia.
A urina fica escura, amarronzada, semelhante a chá forte ou coca-cola, e, as vezes, referida como avermelhada. As fezes claras podem ficar tão claras quanto massa de vidraceiro.
Uma coceira pelo corpo (prurido) sucedida por marcas de coçadura e não antecedidas por lesões de pele ocorre em alguns casos.
A evolução geralmente é benigna, com alívio dos sintomas em 2 a 3 semanas.
A resolução total e cura ocorrem em torno de 2 meses.
Durante a recuperação pode haver uma ou duas recaídas dos sintomas e das alterações dos exames, o que não prejudica a recuperação total do paciente.
Excepcionalmente, em menos de 1% dos casos, acontece a evolução pela forma fulminante, na qual há rápida perda da função do fígado, colocando o paciente em grande risco de vida.
Não existe forma crónica de Hepatite A, ou seja, excepto os poucos casos fatais associados à forma fulminante, o paciente fica curado, sem sequelas e imunizado contra futuras exposições ao vírus. Cabe mencionar que muitas pessoas não apresentam sintomas e só descobrem que tiveram a doença por exames de sangue casuais.

Como o médico faz o diagnóstico

Juntando as queixas e os achados do exame clínico, o médico suspeita do diagnóstico que é confirmado por exames de sangue onde se detectam alterações hepáticas e anticorpos da fase aguda da doença pelo vírus da Hepatite A.
Alguns resultados desses exames iniciais e de seus controles podem revelar uma tendência para a forma de evolução desfavorável, a forma fulminante.

Como se trata

Não há medicação específica. Quando necessário, usam-se remédios contra enjoo, dor e febre.
Repouso estrito não é necessário, cabendo ao paciente respeitar os limites conforme sua tolerância.
Não cabem restrições alimentares, a comida pode ser normal.
Certas pessoas, devido ao mau estar e à náusea, não conseguem manter uma ingestão mínima de água e alimentos, necessitando de hidratação intravenosa.
Os raros casos de Hepatite A fulminante podem necessitar de transplante de fígado como única forma de tratamento.

Como se previne

O vírus A é eliminado pelas fezes na fase de incubação e nos primeiros 10 dias de icterícia. As fezes contaminam as águas que, se não tratadas, ao serem usadas para lavar alimentos, utensílios e para o próprio banho levam a doença a novos indivíduos.
É importante portanto, o uso de água tratada ou fervida para fins alimentares, além de seguir recomendações quanto a proibição de banhos em locais com água contaminada e o uso de desinfectantes em piscinas.
Indivíduos expostos ao vírus da Hepatite A, há menos de 15 dias e ainda sem sintomas, podem ser tratados com injecção de anticorpos (imunoglobulina), tentando prevenir ou amenizar a doença.

Vacinas

A vacina para Hepatite A é recomendável para todas crianças a partir de 1 ano de idade e para pessoas que viajam para áreas onde a Hepatite A é muito frequente, como o norte do Brasil e países tropicais subdesenvolvidos. Grupos de alto risco como crianças e adultos que vivem em creches, asilos ou prisões, homo e bissexuais, usuários de drogas injectáveis ou não, pacientes com doença hepática crónica, aqueles com AIDS ou doenças da coagulação também devem ser vacinados.
A aplicação da vacina é útil em profissionais da área da saúde com potencial contacto com pacientes ou material contaminado.
Trabalhadores da indústria alimentícia, uma vez vacinados, evitam a transmissão do vírus através dos alimentos que preparam.

Febre tifóide

O que é

A febre tifóide é uma doença infecciosa potencialmente grave, causada por uma bactéria, a Salmonella typhi. Caracteriza-se por febre prolongada, alterações do trânsito intestinal, aumento de vísceras como o fígado e o baço e, se não tratada, confusão mental progressiva, podendo levar ao óbito. A transmissão ocorre principalmente através da ingestão de água e de alimentos contaminados. A doença tem distribuição mundial, sendo mais frequente nos países em desenvolvimento, onde as condições de saneamento básico são inexistentes ou inadequadas.

Transmissão

A S. typhi causa infecção exclusivamente nos seres humanos. A principal forma de transmissão é a ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou, menos frequentemente, com urina contendo a S. typhi. Mais raramente, pode ser transmitida pelo contacto directo (mão-boca) com fezes, urina, secreção respiratória, vómito ou pus proveniente de um indivíduo infectado.
A acidez gástrica é o primeiro mecanismo de defesa do organismo contra a S. typhi. Quando consegue resistir à acidez do estômago, a S. typhi chega ao intestino delgado, onde compete com as bactérias da microbiota normal do intestino. Se sobreviver, a S. typhi invade a parede intestinal e alcança a circulação sanguínea. A presença da bactéria no sangue determina o início dos sintomas. A S. typhi pode invadir qualquer órgão e multiplicar-se no interior de células de defesa (células fagocíticas mononucleares), sendo mais frequente o acometimento do fígado, baço, medula óssea, vesícula e intestino (íleo terminal). O tempo entre a exposição e o início dos sintomas (período de incubação) pode variar de 3 a 60 dias, ficando entre 7 e 14 dias na maioria das vezes. A infecção pode não resultar em adoecimento.
Uma pessoa infectada elimina a S. typhi nas fezes e na urina, independente de apresentar ou não as manifestações clínicas. O tratamento adequado diminui o tempo de eliminação da bactéria nas excreções humanas, que pode ser de até três meses em indivíduos não tratados. Cerca de 2 a 5% das pessoas, mesmo quando tratadas, tornam-se portadoras crónicas, o que é particularmente mais comum em menores de 5 anos, idosos e mulheres com patologias biliares. Os portadores crónicos podem eliminar a S. typhi nas fezes até por mais de um ano, tendo importância na manutenção da transmissão da doença.
Em geral, a água contaminada tem uma baixa concentração de bactérias, resultando numa taxa de infecção menor entre os expostos e, naqueles em que a infecção se desenvolve, o tempo de incubação é habitualmente mais prolongado. A S. typhi pode sobreviver em águas poluídas por até 4 semanas e é resistente ao congelamento. Não resiste, entretanto, a temperaturas maiores que 57º C, nem ao tratamento adequado da água com cloro ou iodo.
Os alimentos podem ser contaminados directamente pela água utilizada para lavá-los ou prepará-los, através de mãos não adequadamente limpas de portadores crónicos e, mais raramente, pela exposição aos insectos (como moscas). Embora a concentração inicial de bactérias nos alimentos recém-contaminados possa ser insuficiente para causar doença humana, sob condições ambientais favoráveis ocorre significativa multiplicação bacteriana, resultando em grandes inóculos por ocasião da ingestão.

Fases de tratamento das águas residuais

Uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) é certamente o destino mais adequado à promoção da saúde pública e à preservação dos recursos hídricos, de modo a evitar a sua contaminação. Assim, as ETAR têm como objectivo o tratamento final das águas residuais produzidas pelas populações, permitindo uma possível reutilização destas, através de um processo longo e faseado.
O tratamento de águas residuais numa ETAR deve consistir em quatro fases, designadas tratamento preliminar, primário, secundário e terciário. O tratamento terciário torna-se indispensável no caso do meio receptor onde é efectuada a descarga de água residual tratada ser um meio sensível, isto é, sujeito a eutrofização (enriquecimento excessivo de algas devido à introdução de nutrientes - azoto e fósforo - provenientes da água residual), necessitando então que seja efectuada a remoção de nutrientes da água residual.

- O Tratamento Preliminar consiste na primeira fase do tratamento de águas residuais, compreendendo a obra de entrada. A obra de entrada é, ou deverá ser, constituída por duas grades (gradagem), um desarenador (desarenação), um desengordurador (desengorduramento) e um canal Parshall.
A operação unitária de gradagem tem o objectivo de remover sólidos grosseiros, flutuantes e sedimentáveis, de maiores dimensões que as aberturas dos equipamentos utilizados (grades), impedindo ainda a flutuação de detritos nos órgãos a jusante (decantadores), o entupimento de canalizações e o desgaste ou bloqueamento de equipamentos mecânicos. As operações unitárias de desarenação e desengorduramento têm como finalidade remover as areias e gorduras existentes na água residual, respectivamente. A instalação de um descarregador tipo Parshall permite controlar a velocidade a montante, sendo uma das formas mais utilizadas em ETAR para criar mistura hidráulica.

- Contrastando com os antecedentes, o Tratamento Secundário tem à sua disposição várias tecnologias que funcionam sobre princípios semelhantes, destacando-se os sistemas aeróbios intensivos, quer por biomassa (microrganismos) suspensa (lamas activadas), quer por biomassa fixa (leitos percoladores e biodiscos ou discos biológicos), e os sistemas aquáticos por biomassa suspensa – lagunagem.
No sistema de leitos percoladores, após o tratamento preliminar, o efluente passa pelo decantador primário até chegar ao leito percolador de enchimento variável. Aqui o efluente entra num distribuidor rotativo e vai criar no leito um filme biológico constituído por um aglomerado de bactérias que fazem a decomposição da matéria orgânica. Quando o efluente é escoado pode ser feita a recirculação em torno do leito percolador ou a descarga no meio receptor. No entanto, a recirculação deve ser feita de preferência a partir do efluente tratado do decantador secundário, pois neste caso a matéria orgânica encontra-se diluída e, por conseguinte, não ocorre o risco de o leito percolador sofrer colmatação dos espaços vazios de enchimento.
No sistema de lamas activadas é semelhante. O efluente do tratamento preliminar é encaminhado para o decantador primário, seguindo para o tanque de arejamento, geralmente com recirculação permanente. O efluente é então conduzido para o decantador secundário e a partir daí parte do efluente é descarregado numa linha de água e outra parte constitui a recirculação ao tanque de arejamento. A eficiência do tratamento é optimizada no caso da recirculação de lamas para o tanque de arejamento ser efectuada do fundo do decantador secundário, pois a matéria orgânica encontra-se concentrada e, assim, aumenta a concentração de biomassa no tanque de arejamento, possibilitando aos microrganismos uma nova oportunidade para degradarem o substrato (matéria orgânica).
O processo de injecção de ar ou oxigénio puro para misturar a lama a tratar com a água residual e fornecer o oxigénio suficiente para os microrganismos degradarem os compostos orgânicos é conhecido como arejamento. A adição de oxigénio é também importante como meio de remoção de alguns poluentes como ferro, manganês e dióxido de carbono, assim como na oxidação química, eliminando compostos orgânicos que resistem aos processos biológicos. Serve também como meio de repor os níveis de oxigénio na água residual antes de rejeitá-la para o meio receptor.
Os biodiscos ou discos biológicos são a evolução natural dos leitos percoladores. Trata-se de um sistema que recorre também a processos biológicos aeróbios de degradação da matéria orgânica, em filme fixo, à semelhança dos leitos percoladores. O filme está preso ao disco mas como é preciso uma grande área de contacto, juntam-se vários discos paralelos de reduzida espessura, com rugosidade, para permitir uma maior aderência dos microrganismos. Os discos mergulham parcialmente num canalete com água residual, enquanto giram, o que garante que os microrganismos estão alternadamente em contacto com o ar e com matéria orgânica.
A lagunagem é, de todos os processos, o que mais se aproxima da simulação das condições naturais. A água residual atravessa uma série de lagoas (anaeróbias, facultativas, maturação – remoção de organismos patogénicos), onde os processos são idênticos aos que se dão nos meios aeróbios e anaeróbios. As lagoas arejadas são uma técnica intermédia que conjuga características da lagunagem e das lamas activadas. No entanto, a técnica de lagunagem não é muito utilizada, o que talvez se explique pelo facto de necessitar de grandes áreas e de estar muito dependente das condições naturais, “fugindo” ao controlo humano, além da emissão de odores. Como vantagens há a referir a simplicidade e economia da construção e manutenção da unidade.

- A opção de Tratamento Terciário, em que as águas residuais sofrem um tratamento de desinfecção e controlo de nutrientes, aparece no contexto do saneamento básico em Portugal como um “luxo”, dado as carências de tratamento a níveis mais básicos. Entre as opções de desinfecção, aplicadas principalmente quando se pretende a reutilização das águas residuais, contam-se geralmente três tecnologias básicas: cloro, ozono e canal de ultravioletas (U.V.).
A cloragem é o sistema de desinfecção mais vulgar, sendo também o mais económico. Implacável com as bactérias, este método é, porém, bastante ineficaz na eliminação dos vírus e os resíduos da cloragem permanecem na corrente filtrada, com graves inconvenientes ambientais e de saúde pública. Semelhantes desvantagens, embora a uma escala menor, apresenta a desinfecção por ozono, mais onerosa que a cloragem. O ozono não se mantém muito tempo na água, no entanto, formam-se no processo subprodutos contaminantes que se mantêm na água tratada. Finalmente, o sistema de desinfecção por ultravioletas, igualmente mais oneroso que a cloragem, é uma tecnologia mais recente que não produz quaisquer resíduos tóxicos e obtém óptimos resultados na destruição de vírus e bactérias, apresentando-se a solução mais adequada para um tratamento terciário.

Sistemas de tratamento

Existem dois tipos diferentes de sistemas para tratar as águas residuais. Eles são:

FITO-ETAR’s – Lagoas de Tratamento de Águas Residuais

ETAR’s – Estações de Tratamento de Águas Residuais


Fito-ETAR’s – Lagoas de tratamento de Águas Residuais

As Lagoas de Tratamento de Águas Residuais (FITO-ETAR'S) são sistemas completamente naturais cuja função consiste no tratamento de efluentes líquidos. Nestas lagoas desenvolvem-se complexos mecanismos de interacção entre o Efluente e o Sistema Radicular das Plantas Macrófitas, que as constituem, e os milhões de microorganismos que encontram ali condições ideais para o seu perfeito desenvolvimento. São estes microorganismos específicos de cada tipo de plantas, os principais responsáveis pelo tratamento natural dos efluentes.
Estas lagoas não são mais do que Sistemas Biológicos constituídos por plantas macrófitas do género canizeas, tifáceas e juncos. Estas plantas assentam num substrato à base de pedra, gravilha, areia e terra vegetal. Como forma de evitar possíveis infiltrações, recorre-se a telas impermeabilizantes, cuja espessura pode variar. Nalguns casos pode também recorrer-se a argilas compactadas, embora esta técnica não garanta impermeabilizações tão eficazes quanto as telas sintéticas.

Vantagens

Estes sistemas naturais apresentam inúmeras vantagens que na sua fase de concepção, quer durante a sua exploração. Assim estas FITO-ETAR's apresentam:

· Baixo custo de tratamento;
· Manutenção mínima;
· Total aproveitamento do efluente para fins agrícolas ou outros;
· Não emite cheiros;
· Boa adaptação à variação de caudais;
· Não necessita aditivos químicos;
· Cumpre os parâmetros da nova Lei da Água (D.L. 236/98, 1 de Agosto);
· Boa adaptação ao nosso clima;
· Não necessitam de aditivos químicos;
· Elevada eficiência no tratamento de CBO5, sólidos em suspensão e coliformes fecais;
· Removem grandes quantidades de compostos azotados e fósforo;
· Proporcionam bom enquadramento paisagístico.


Principais Vantagens

IMPLANTAÇÃO – Encargos diminutos quando comparados com os sistemas mecânicos de tratamento;
MANUTENÇÃO – Custos quase nulos já que não há recurso a consumos energéticos, requerendo apenas análises periódicas aos efluentes e cortes ocasionais da massa vegetal;
DURAÇÃO – Há registos de lagoas de plantas cuja longevidade ultrapassou os 100 anos.

Desvantagens

· Necessitam de maiores áreas que os sistemas convencionais;
· Atingem as condições óptimas de funcionamento 2 ou 3 anos após a sua implementação.

Aplicações

Estas estruturas apresentam-se muito vantajosas para situações generalistas de tratamento de efluentes de diversas proveniências. Actualmente já existem no país dezenas de FITO-ETAR's com eficácia comprovada, beneficiando milhares de pessoas. Estes sistemas são ambientalmente correctos e são cada vez mais a melhor solução para o tratamento de efluentes dos mais diversos sectores:
· Pequenos aglomerados populacionais;
· Indústria (lagares de azeite, suiniculturas, transformação de produtos de cortiça;
· Aldeamentos turísticos;
· Tratamentos terciários de ETAR’s;
· Tratamento de lamas;
· Autarquias.

ETAR’s – Estações de Tratamento de Águas Residuais

As águas residuais provenientes de efluentes domésticos e industriais são tratadas nas ETAR – Estações de Tratamento de Águas Residuais. Nestas estações, as águas residuais são sujeitas a tratamentos que removem os poluentes e o efluente final é devolvido ao ambiente.
As ETAR recebem os esgotos, dos quais retiram lamas que, após tratamento físico-químico e biológico, podem ser utilizadas na produção de fertilizantes. A água depurada pode ser utilizada na agricultura ou lançada nos rios ou no mar sem causar problemas ambientais.
O tratamento das águas residuais é de extrema importância porque os rios e lagos são o destino de enormes quantidades de efluentes domésticos e industriais, que se não forem tratados podem destruir os ecossistemas ribeirinhos e impossibilitar a utilização dessas águas para consumo humano.

Tratamento de Águas Residuais

Tipos de águas residuais

Existem dois grandes tipos de águas residuais: as domésticas e as industriais.

Águas Residuais Domésticas: resultantes da actividade habitacional. Dentro deste tipo de classe pode-se ainda considerar:

- Águas Residuais Turísticas, com características sazonais, podem apresentar menor ou maior carga poluente conforme provêm de estabelecimentos hoteleiros isolados ou de complexos turísticos;

- Águas Residuais Pluviais, provenientes da precipitação atmosférica. A sua carga poluente pode ser muito superior à das águas residuais domésticas.


Águas Residuais Industriais: Provenientes das descargas de diversos estabelecimentos. Por exemplo: águas residuais pecuárias, de aviários, etc.


Deve ainda considerar-se as resultantes da mistura de águas residuais domésticas com industriais e/ou pluviais – as Águas Residuais Urbanas.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Desinfecção

A desinfecção das águas residuais tratadas objectiva a remoção dos organismos patogénicos. O método de loração também tem contribuido significativamente na redução de odores em estações de tratamento de esgoto. Revelou-se entre os processos artificiais o de menor custo e de elevado grau de eficiência em relação a outros pocessos como a ozonização que é bastante dispendiosa e a radiação ultra-violeta que não é aplicável a qualquer situação.

Remoção de Nutrientes

As águas residuais podem conter altos níveis de nutrientes como nitrogénio e fósforo. A emissão em excesso destes pode levar ao acúmulo de nutrientes, fenômeno chamado de eutrofização, que encoraja o crescimento excessivo (chamado bloom) de algas e cianobactérias (algas azuis). A maior parte destas algas acaba morrendo, porém a decomposição das mesmas por bactérias remove oxigénio da água e a maioria dos peixes morrem. Além disso, algumas espécies de algas produzem toxinas que contaminam as fontes de água potavel (as chamadas cianotoxinas).
Há diferentes processos para remoção de nitrogénio e fósforo:
  • A desnitrificação, que requer condições anóxinas (ausência de oxigênio) para que as comunidades biolágicas apropriadas se formem. A desnitrificação é facilitada por um grande número de bactérias. Métodos de filtragem em areia, lagoa de polimento, etc, pode reduzir a quantidade de nitrogénio. O sistema do lodo activado, se bem projectado, também pode reduzir significante parte do nitrogénio;
  • A remoção de fósforo, que pode ser feita por precipitação química, geralmente com sais de ferro (ex. cloreto férrico) ou alumínio (ex. solfato de alumínio). O lodo químico resultante é dificil de tratar e o uso dos produtos químicos torna-se caro. Apesar disso, a remoção química de fósforo requer equipamentos muito menores que os usados por remoção biológica.